O cuidador precisa ser cuidado

Uma doença que surge na família afeta tanto o paciente quanto quem fica responsável por cuidar dele

No dia 15 de maio, comemoramos o Dia da Família. São várias as estruturas familiares possíveis, mas, em qualquer uma, podemos ter alguém doente que precise de cuidados. E, consequentemente, alguém que precisa oferecer esses cuidados.

Como reumatologista, me deparo com frequência com essa realidade na vida de pacientes, tanto no papel de quem precisa de cuidados quanto no papel de cuidador. De um lado, está uma pessoa com alguma doença, insegura, amedrontada ou até mesmo já com algum quadro de desorientação. Ela precisa de carinho e atenção.

Do outro lado, vejo o cuidador, que muitas vezes assume esse papel sozinho, ficando muito sobrecarregado. Pois bem: você sabia que o cuidador também precisa ser cuidado?

Pesquisas apontam que, das pessoas que cuidam de um familiar doente, 53% declararam se sentir cansadas na maior parte do tempo, e 61% admitiram que necessitariam de um atendimento em decorrência de saúde mental. 

Os cuidadores passam por importantes mudanças no trabalho, muitas vezes tendo que abandoná-los. Momentos de lazer e convívio são deixados de lado. 

Os principais sentimentos do cuidador não raro são estresse, culpa e sensação de incapacidade. Até pela sobrecarga, há ainda uma negligência com a própria saúde física e mental. 

Assim, é preciso entender melhor os impactos que a doença de uma pessoa provocam nos familiares – e, em particular, naqueles que acabam exercendo a função de cuidador. 

Com frequência, mesmo indivíduos muito próximos não percebem que o cuidador está pedindo socorro. Ele precisa de tempo livre para cuidar de suas próprias questões, e também para descansar. Esses momentos de desafogo não deveriam ser eventuais, e sim parte de uma rotina. 

Se você tem um ente querido sendo cuidado, e um outro sendo cuidador na sua família, olhe para eles. Ambos merecem e esperam isso de você. 

Por Daniela Moraes, 12 de maio de 2024