Por que avaliar o estado nutricional da gestante?
Eventuais ajustes na alimentação podem gerar benefícios para o resto da vida – tanto da mãe como do filho
Pouca gente comenta isso, mas o simples ato de conhecer a dieta de uma gestante e acompanhá-la durante essa fase ajuda a promover uma alimentação mais equilibrada para o resto da sua vida – e a da sua criança. Mas de fato há particularidades na gravidez que pedem alguns ajustes nas refeições. Destaco algumas premissas importantes:
- A composição de macronutrientes da dieta materna está associada à composição corporal do feto.
- A quantidade de proteína da dieta materna está associada à localização de tecido adiposo no feto.
- O tipo de gordura da dieta materna está associado à adiposidade no feto.
- Alterações na dieta materna estão relacionadas a doenças no adulto.
O que não costuma ser mencionado é que dietas restritivas e hábitos inadequados à mesa podem ocasionar tanto desnutrição quanto obesidade na mãe – e, futuramente, no filho.
A desnutrição materna, aliás, favorece no bebê quadros como excesso de peso, hipertensão, fome excessiva e baixa imunidade. Já a obesidade materna está associada a quadros de diabetes e dislipidemias na próxima geração – fora a própria obesidade infantil, claro.
Além de avaliar o estado nutricional de acordo com a semana gestacional em que a pessoa se encontra, devemos medir a velocidade de ganho de peso com o passar do tempo. Isso ajuda a adotar intervenções que previnem problemas e favorecem a qualidade de vida. Para ter ideia, o ganho de peso materno excessivo aumenta o risco de desmame precoce.
Para isso, é necessário um acompanhamento adequado com o nutricionista, a fim de alinhar a melhor conduta com as suas preferências e hábitos alimentares. A gestação é uma fase que pode ser muito prazerosa – e a alimentação tem um papel nisso.
5 de junho de 2024
,Natasha Albuquerque
Nutricionista, pesquisadora e doutoranda em Saúde Coletiva pela UFC.