Rastreamento do Alzheimer em suas formas mais iniciais ganhou destaque no endoDEBATE 2024 Híbrido
Congresso debate a necessidade de endocrinologistas e clínicos colaborarem para o diagnóstico de estágios precoces dessa demência
Como assim? Doença de Alzheimer e outras demências sendo discutidas durante um congresso de Endocrinologia? Isso mesmo.
Pessoas com diabetes possuem um risco maior de desenvolver quadros demenciais. E mais: elas muito frequentemente apresentam outras comorbidades que elevam o risco de Alzheimer, como colesterol elevado, obesidade, pressão alta, perda da audição e depressão.
O diagnóstico precoce é fundamental para o correto tratamento, prognóstico e acompanhamento de pessoas com demência. Um dos estágios iniciais é o chamado comprometimento cognitivo leve, em que já há alterações nos testes de memória e algumas queixas do paciente e seus familiares – mas o paciente ainda se encontra funcional nas suas atividades domésticas, de lazer e de trabalho.
Outro estágio ainda mais precoce é o de declínio cognitivo subjetivo. É quando se reconhece queda de capacidade cognitiva e de memória, mas não há alterações nos testes de rastreamento. Vale destacar que nem todos com comprometimento cognitivo leve ou declínio cognitivo subjetivo vão evoluir para a doença de Alzheimer propriamente dita.
Outro ponto: questões como privação de sono, quadros depressivos, hipotireoidismo descontrolado e apneia não tratada também podem gerar alterações nos exames de rastreamento.
Durante o endoDEBATE 2024 Híbrido, congresso que aconteceu em São Paulo nos dias 19 e 20 de julho, a discussão sobre rastreamento foi feita com grande interatividade e atenção entre os médicos. O palestrante convidado foi o neurologista Diogo Haddad.
Lá ele compartilhou com a plateia presencial e online um dos métodos mais simples de rastreamento para o Alzheimer, que é o questionário 10-CS. Esse teste, validado no Brasil e em diversos outros países para o diagnóstico precoce, dura menos de três minutos para ser realizado – o que foi testado ao vivo no palco! Médico, acesse aqui!
Trata-se, portanto, de uma excelente ferramenta para médicos de outras áreas que não a Neurologia, que precisam investigar certas questões em um espaço mais curto de tempo.
“Rastrear é preciso, especialmente nos pacientes que sabidamente possuem maior risco de doença de Alzheimer”, aponta Haddad. Se os exames detectarem alguma alteração, o ideal é encaminhar o paciente a um médico especialista para confirmar ou afastar o diagnóstico de uma demência. E, se for o caso, instituir o tratamento mais adequado para cada caso.
É hora de diversas especialidades clínicas, inclusive a Endocrinologia, passarem a realizar o rastreamento de Alzheimer nas suas consultas de rotina. As saúdes física e mental agradecem.
5 de agosto de 2024
,Carlos Eduardo Barra Couri
Médico endocrinologista e curador do Portal Olhar da Saúde.