Olhar da Saúde 2025-Thumbs-Microplásticos e saúde

Microplásticos e saúde: a ameaça invisível para o coração e o corpo

Uma nova pesquisa apresentada no Congresso do Colégio Americano de Cardiologia (ACC 2025) analisou a relação entre a concentração de microplásticos em áreas costeiras dos Estados Unidos e o risco de doenças cardiovasculares

Os microplásticos, partículas minúsculas originadas da degradação de materiais plásticos, estão cada vez mais presentes no nosso ambiente e, consequentemente, no nosso organismo. Estudos recentes sugerem que essa poluição invisível pode estar associada a um aumento na prevalência de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e AVC.

Uma nova pesquisa, apresentada no Congresso do Colégio Americano de Cardiologia (ACC 2025), analisou a relação entre a concentração de microplásticos em áreas costeiras dos Estados Unidos e o risco de doenças cardiovasculares. O estudo, liderado por pesquisadores da Case Western Reserve School of Medicine e da University Hospitals Harrington Heart and Vascular Institute, usou dados ambientais e socioeconômicos para avaliar essa conexão.

Os pesquisadores analisaram 555 regiões costeiras nos Estados Unidos, próximas a grandes massas de água, onde a concentração de microplásticos foi documentada. Os dados ambientais foram combinados com informações do CDC (Centers for Disease Control and Prevention) sobre a prevalência de doenças crônicas nessas áreas.

Os resultados do estudo indicam uma correlação entre a concentração de microplásticos e diversas doenças:

– Hipertensão: aumento de 24%

– Diabetes: aumento de 30%

– Acidente vascular cerebral (AVC): aumento de 26%

Os pesquisadores utilizaram um modelo de aprendizado de máquina chamado XGBoost para prever a prevalência de doenças com base na concentração de microplásticos e em 154 fatores socioambientais. Esse modelo destacou que a presença dessas partículas foi um dos fatores preditivos mais significativos para o risco de AVC.

Além disso, outro estudo apresentado no ACC 2025 revelou que microplásticos foram encontrados em placas ateroscleróticas dentro das artérias do coração, sugerindo um papel potencial na progressão de doenças cardiovasculares.

O que são microplásticos e onde estão?

Os microplásticos são fragmentos de plástico com tamanho entre 1 nanômetro e 5 milímetros. Eles surgem da degradação de plásticos maiores e podem estar presentes em embalagens de alimentos, produtos de higiene, tecidos sintéticos e até no ar que respiramos. Essas partículas entram no corpo humano pela água, pelo consumo de alimentos contaminados e pela inalação de poeira contendo plástico.

Como reduzir a exposição aos microplásticos?

Embora seja difícil eliminar completamente o contato com microplásticos, algumas medidas podem reduzir a exposição:

Evite plásticos descartáveis: prefira embalagens reutilizáveis e evite garrafas PET.

Filtre a água que você bebe: alguns filtros avançados são eficazes na remoção de microplásticos da água potável.

Reduza o consumo de alimentos ultraprocessados: esses produtos são frequentemente embalados em plástico, o que pode levar à contaminação.

Escolha roupas de fibras naturais: tecidos sintéticos, como poliéster e náilon, liberam microfibras plásticas na lavagem.

Mantenha sua casa limpa e arejada: poeira doméstica pode conter partículas plásticas, então manter o ambiente limpo reduz a inalação.

Apesar de o impacto dos microplásticos na saúde humana ainda estar sendo estudado, as evidências iniciais indicam que essas partículas podem estar contribuindo para o aumento de doenças cardiovasculares e metabólicas. Essa pesquisa apresentada no ACC 2025 reforça a importância de reduzir a poluição plástica e adotar hábitos que minimizem a exposição a esses contaminantes invisíveis.

Cuidar do meio ambiente é, mais do que nunca, um passo essencial para proteger nossa saúde e garantir um futuro com menos riscos para as próximas gerações.

Por Carlos Eduardo Barra Couri,

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Carlos Eduardo Barra Couri

Médico endocrinologista e curador do Portal Olhar da Saúde.

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