Leite materno de mães com diabetes tipo 1 não é inferior, aponta estudo
A constituição do leite das mulheres com essa doença apresenta ligeiras variações, mas isso não interfere na amamentação, tampouco no desenvolvimento de curto prazo dos bebês. Conheça a pesquisa que chegou a essa conclusão
Um estudo publicado este ano na renomada revista científica Diabetes Care trouxe notícias tranquilizadoras para mulheres com diabetes tipo 1 (DM1) que amamentam. A pesquisa investigou se os níveis de glicose no sangue afetam a composição do leite materno ou a quantidade consumida pelos bebês e descobriu que, mesmo quando a glicemia está alta, não é necessário suspender o aleitamento.
Muitas mães com diabetes tipo 1 acreditam que amamentar seus filhos quando os níveis de glicose estão elevados pode levar a prejuízos. Esse medo, por sua vez, favorece a interrupção precoce do aleitamento, privando os bebês de inúmeros benefícios, como proteção contra infecções e menor risco de obesidade e inclusive diabetes.
Para oferecer orientações baseadas em evidências, pesquisadores da Universidade de Calgary, no Canadá, em colaboração com outras instituições, como a Universidade de Alberta e a Universidade de Toronto, resolveram investigar o assunto.
Os cientistas, liderados pela médica Lois E. Donovan, coletaram leite materno de 11 mulheres com DM1 e fizeram uma comparação com amostras de cinco doadoras sem a doença. O leite foi coletado no meio de uma mamada em três momentos da pesquisa, separados por semanas.
Durante as coletas, as lactantes estavam com o diabetes bem controlado. E todas as mães com diabetes usavam monitores contínuos de glicose (CGM) para medir suas taxas. Elas tinham, em média, 32 anos e conviviam com diabetes tipo 1 por cerca de 21 anos.
Os bebês foram pesados antes e depois de cada mamada para calcular a quantidade consumida. O leite foi analisado para componentes como glicose, frutose, lactose, proteínas e hormônios (a exemplo da leptina).
As principais descobertas
- Os níveis de glicose e frutose no leite materno aumentaram levemente quando a glicose das mães estava alta, especialmente 90 a 120 minutos antes da amamentação. No entanto, as variações foram pequenas e não afetaram os principais componentes nutricionais, como lactose, proteínas ou gorduras.
- A quantidade ingerida pelos bebês não foi influenciada pelos níveis de glicose das mães. Mesmo com a glicemia elevada, os pequenos continuaram mamando normalmente.
- O leite das mães com DM1 também apresentou níveis ligeiramente superiores de glicose e leptina (um hormônio relacionado ao apetite). Porém, isso não afetou o volume consumido pelos bebês, nem seu crescimento.
A mensagem principal é: amamente sem medo! Segundo esse estudo, mães com diabetes tipo 1 controlado não precisam se preocupar com a composição do leite materno, mesmo quando sua glicose está alta.
Os pesquisadores destacam a necessidade de estudos posteriores para entender se as pequenas variações na glicose e frutose do leite materno influenciariam o metabolismo dos bebês em longo prazo. No entanto, nesse momento, o estudo só traz mais motivos para manter o aleitamento materno — além de um alívio às famílias que enfrentam os desafios do diabetes no pós-parto.
23 de abril de 2025
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