O que é acromegalia: causas, sintomas e tratamentos
Provocada pelo excesso de hormônio do crescimento e do IGF-1, essa doença pode passar despercebida por anos, mas leva a potenciais complicações sérias
A acromegalia é uma doença rara e de evolução lenta. Ela é causada pelo excesso do hormônio de crescimento, o chamado GH, geralmente devido a um tumor benigno na hipófise — uma pequena glândula localizada na base do cérebro. Esse aumento do GH também leva à produção exacerbada de outro hormônio, o IGF-1 (fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1), responsável por muitos dos sintomas.
Como na maioria dos casos se desenvolve de forma vagarosa, a acromegalia é confundida com mudanças normais do envelhecimento ou com outras doenças. As pessoas afetadas podem apresentar crescimento das mãos e dos pés, alteração dos traços do rosto (como queixo mais proeminente e aumento do nariz e dos lábios), dores nas articulações, suor excessivo, cansaço e até alterações na voz.
Como o tumor atrelado ao quadro cresce gradualmente, é comum que os sintomas mais evidentes apareçam anos após o início da doença. Por isso, muitos pacientes recebem o diagnóstico depois de uma longa jornada em busca de respostas, passando por especialistas como reumatologista, dentista, ortopedista e neurologista.
Esse atraso no diagnóstico pode resultar em complicações sérias, a exemplo de diabetes, pressão alta, problemas cardíacos, apneia do sono e aumento do risco de certos tipos de câncer.
Como fazer o diagnóstico da acromegalia?
Ele é feito com base em exames de sangue e testes que medem os níveis de GH e IGF-1. Também são realizados exames de imagem, como a ressonância magnética, para localizar e avaliar o tamanho do tumor na hipófise.
Qual o tratamento?
A primeira opção de tratamento para a maioria dos casos é a cirurgia para retirada do tumor da hipófise. A operação é feita por via transesfenoidal — ou seja, pelo nariz. A meta é remover o nódulo por completo e, assim, normalizar os níveis hormonais. Detalhe: a cirurgia praticamente não deixa cicatrizes.
Após o procedimento, muitos pacientes conseguem controlar a doença sem necessidade de outros tratamentos. No entanto, em parte dos casos, a cirurgia não é suficiente para regular completamente os níveis de GH e IGF-1, seja porque o tumor não pôde ser retirado por completo, seja porque voltou a crescer com o tempo.
Tratamentos complementares: onde entra a pasireotida
Quando a cirurgia não alcança o resultado esperado ou não pode ser realizada, entram em cena os medicamentos. Um dos principais grupos são os chamados análogos da somatostatina, que ajudam a inibir a produção de GH.
Entre esses remédios, destaca-se a pasireotida (nome comercial: Signifor), uma das opções mais modernas disponíveis para o tratamento da acromegalia. Ela é considerada um análogo da somatostatina de segunda geração. Isso significa que age de forma ampla sobre os receptores da somatostatina nas células do tumor da hipófise, o que pode aumentar sua eficácia em comparação com outras drogas do mesmo grupo, especialmente em pacientes que não responderam bem a tratamentos anteriores.
Em outras palavras, a pasireotida pode ser uma solução importante para quando a doença continua ativa mesmo após cirurgia e uso de outras medicações. Ela é administrada por injeção intramuscular profunda, geralmente uma vez por mês.
Como qualquer medicamento, a pasireotida pode disparar efeitos colaterais. Os mais comuns estão relacionados ao metabolismo da glicose, como o aumento do açúcar no sangue (hiperglicemia) e o risco de diabetes. Só é importante enfatizar que a própria acromegalia já aumenta a probabilidade de diabetes.
De qualquer maneira, é essencial que os pacientes em uso desse fármaco façam acompanhamento rigoroso com exames periódicos e recebam orientação sobre alimentação, exercícios e, se necessário, tratamento para controle da glicose.
Outros efeitos colaterais possíveis incluem cefaleia, dor no local da injeção, diarreia, náuseas e alteração das enzimas do fígado.
A importância do cuidado multidisciplinar
A acromegalia exige acompanhamento contínuo, mesmo após a cirurgia ou com uso de medicamentos. O ideal é que o paciente seja atendido por uma equipe multidisciplinar, que pode incluir endocrinologista, neurocirurgião, oftalmologista, cardiologista e nutricionista, entre outros.
Esse cuidado conjunto é essencial para o controle eficaz da doença, a prevenção de complicações e a melhora da qualidade de vida.
Se você conhece alguém com sintomas suspeitos, converse sobre a possibilidade de procurar um endocrinologista. Informação e atenção aos sinais do corpo são os primeiros passos para um diagnóstico rápido e um tratamento eficaz.
23 de abril de 2025
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