Olhar da Saúde-Thumbs-Bruxismo

Bruxismo: você pode ter e não sabe!

Podendo aparecer na infância e/ou na vida adulta, o problema tem múltiplas causas e é capaz de afetar o sono e a produtividade do paciente ao longo do dia

O nome é esquisito mesmo para uma doença, mas muito provavelmente você já ouviu falar. Pior: pode ter, sofrer os sintomas dele e não ter ciência dessa relação! Ação repetitiva dos músculos responsáveis pela mastigação, em que estes apertam ou fazem os dentes rangerem durante o sono ou quando a pessoa está acordada, o bruxismo tem origem desconhecida e acomete homens e mulheres, inclusive na infância.

As estimativas reforçam a importância dessa condição: 15% da população mundial (incluindo a brasileira) pode ter bruxismo do sono, com maior prevalência em mulheres (65%) na vida adulta, segundo dados do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP). São números cuja abrangência pode ser explicada pelo caráter multifatorial do problema: de fatores morfológicos a psicológicos, passando pelos genéticos.

Os fatores morfológicos correspondem à oclusão, ou “mordida”, o que sugere disfunções da articulação temporomandibular (ATM), responsável pelo movimento de abrir e fechar a boca e pelo encaixe da mandíbula com o restante dos ossos do crânio. Quanto aos fatores psicológicos, podem desencadear o quadro doenças como ansiedade e/ou depressão, além do famigerado estresse, tão comum na vida moderna.

Certos hábitos não escapam das possíveis causas do bruxismo. Estudos apontam relação do tabagismo, da cafeína e do álcool com o problema, embora as conclusões ainda sejam questionáveis. De qualquer forma, não se nega que o bruxismo é capaz de afetar a qualidade de sono do paciente – que pode não chegar ao estado de sono profundo e, pior, despertar várias vezes à noite, inclusive com dor de cabeça ou na face.

Os sintomas vão além. Fraturas ou desgaste nos dentes não estão descartados, assim como movimentação dentária e inflamação na gengiva. Fora a enxaqueca, dor latejante bastante conhecida da população, que não raras vezes surge de forma repentina e aparentemente “sem motivo” – o que leva à necessidade da investigação!

Sendo multifatorial, o bruxismo também requer um acompanhamento multidisciplinar. O otorrinolaringologista, por exemplo, pode detectar distúrbios respiratórios e solicitar a polissonografia, exame que avalia o sono do paciente e pode detectar condições como a síndrome da apneia obstrutiva do sono. Um cirurgião-dentista especializado em disfunção temporomandibular e dor orofacial é o profissional mais capacitado para o diagnóstico e tratamento de dores e distúrbios do sistema da mastigação. O fisioterapeuta, o psicólogo e o fonoaudiólogo, cada qual em sua área de atenção, também estão aptos a avaliar as causas do problema e intervir terapeuticamente.

Apesar das possibilidades de tratamento (ou justamente porque são várias), não é possível falar em cura para o bruxismo. O fato é que os sintomas também são diversos, e o que está por trás deles leva tempo para ser detectado. Afinal, se alguém sequer sabe que ronca durante o sono, o que dizer de apertar os dentes em uma situação totalmente involuntária? Daí a razão mais do que suficiente para buscar ajuda o quanto antes, abreviando esse tempo de detecção do bruxismo e, por extensão, de sofrimento sem necessidade.

Por redação,

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