Câncer de intestino: frequente, porém tratável
O número crescente de casos, inclusive entre celebridades, tem despertado a atenção da população que ainda é resistente a realizar a colonoscopia. Veja como prevenir, diagnosticar precocemente e tratar os tumores colorretais
Personalidades famosas têm composto uma lista da qual ninguém quer fazer parte. Nos últimos anos, nomes como as cantoras Preta Gil e Simony, o radialista Emílio Surita e o cantor Conrado receberam o diagnóstico de câncer de intestino. A mesma doença, também conhecida como câncer de cólon e reto (ou colorretal), levou à morte os ex-jogadores Pelé e Roberto Dinamite, além do ator Chadwick Boseman.
Tantos casos, claro, geram dúvidas a respeito desse tipo de câncer: como ele surge? Qual é o público de maior risco? Quais os sintomas mais comuns? Como são feitos o diagnóstico e o tratamento? Tem cura?
Segundo o Ministério da Saúde, o câncer de intestino compreende os tumores detectados no intestino grosso. Ou, mais especificamente, no cólon e no reto – esta última parte corresponde ao final do intestino, antes do ânus.
A maioria dos tipos pode ser curada, mas, para isso, é preciso que a enfermidade seja identificada em seus estágios iniciais, sem disseminação para outros órgãos (ou metástases).
O que tem chamado a atenção não é só a frequência com que o tema tem aparecido na mídia envolvendo tanta gente conhecida, mas também a idade dos pacientes – e essa maior atenção faz todo o sentido.
Comum entre pessoas com mais de 50 anos na década de 1970, a incidência da doença começou a crescer ano a ano na década de 1990, em vários países. Mas não é só: o aumento foi expressivo entre aqueles com menos de 30 anos.
A origem do câncer colorretal, segundo Carlos Augusto Real Martinez, coloproctologista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), está em mutações genéticas que ocorrem nas células que revestem a superfície interna do intestino grosso. Contudo, embora de 15% a 17% dos casos sejam herdados dos pais, a maior parte provém de mutações que aparecem ao longo da vida, por diferentes razões.
De acordo com publicação da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), o sobrepeso, o consumo expressivo de carnes vermelhas, as bebidas alcoólicas e as gorduras estariam ligadas ao aumento da incidência da doença, principalmente nas populações mais jovens.
Em contrapartida, quem adota uma dieta rica em frutas, legumes e vegetais apresenta um menor risco de câncer colorretal. O Ministério da Saúde recomenda que adultos consumam um mínimo de 400 gramas por dia desses alimentos. A pasta também valoriza a prática de exercícios físicos, que contribui para a perda de peso.
Diante do surgimento de mais casos em pessoas jovens, tem sido recomendado o rastreamento a partir dos 45 anos – ou antes, havendo histórico de câncer na família. O exame é a colonoscopia, responsável por avaliar o intestino grosso e a parte final do intestino delgado.
O procedimento leva alguns minutos, nos quais o paciente permanece sedado. Se houver alguma lesão suspeita, o médico aprofunda as investigações. Se não, o ideal é repetir o exame a cada dez anos, ou a critério do seu médico.
Além disso, sintomas como sangramento nas fezes, diarreia, intestino preso e dor abdominal não devem ser menosprezados, principalmente se forem persistentes.
Ainda de acordo com a SBCO, a cirurgia é um tratamento comum do câncer colorretal. O profissional retira a parte afetada do intestino, assim como os gânglios linfáticos presentes no abdômen.
A depender da extensão, do tamanho, da localização e de outros fatores ligados ao tumor – além das condições de saúde do paciente –, o tratamento pode incluir a radioterapia, associada ou não à quimioterapia, a fim de diminuir a possibilidade de retorno do tumor.
Mais recentemente, tratamentos modernos, como a imunoterapia e a terapia-alvo, foram aprovados contra o câncer colorretal. Bons resultados contra essa doença também dependem do acesso à informação e do contato próximo com os profissionais de saúde.
Nada como ficar atento e bem-informado!
16 de março de 2024
,