Câncer de mama: avanços e desafios no século XXI
A mamografia é a principal forma de diagnosticar lesões precoces e aumentar as chances de cura da doença
A cada ano, a ciência, a medicina e o uso da tecnologia avançam na luta contra o câncer de mama, segundo tipo de tumor maligno mais comum na população (atrás apenas do câncer de pele), com 73.610 mil novos casos estimados em 2023 pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA).
Detectar e tratar a doença no estágio inicial aumentam as chances de cura, podendo ultrapassar 90%. A mamografia é o exame capaz de identificar alterações suspeitas de câncer antes do surgimento dos sintomas, sendo a principal forma de rastrear a doença.
Outro benefício do diagnóstico precoce é a realização de cirurgias menos agressivas, evitando a retirada da mama em grande parte dos casos. “Os principais estudos apontam que carcinomas mamários detectados em estágios iniciais apresentam maior chance de resposta à quimioterapia, além da diminuição do risco de metástases e, por isso, associam-se a maior probabilidade de cura”, declara a médica mastologista e membro da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Dra. Livia Conz.
A mastologista acrescenta que diversas medicações têm sido desenvolvidas para tratar os subtipos do câncer de mama e que os protocolos de radioterapia também se tornaram mais curtos e com menos efeitos colaterais.
Apesar de tudo isso, o Brasil ainda lida com o número alto de mortes decorrentes da doença: 18.139 somente em 2021, sendo o mais letal dos cânceres no público feminino.
Esse número preocupante é resultado de muitos desafios que o Brasil enfrenta no combate ao câncer de mama. Dra. Livia aponta alguns deles: “Vivemos num país extremamente desigual em relação às oportunidades de rastreamento, acesso à cirurgia e principalmente atraso em relação ao início do tratamento. Muitas mulheres aguardam meses para iniciar um tratamento, o que impacta diretamente nas chances de cura”.
A partir de que idade as mulheres devem fazer a mamografia?
No Brasil, três sociedades médicas recomendam a mamografia anual para as mulheres a partir dos 40 anos de idade: a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e a SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia).
Essa recomendação difere das orientações atuais do Ministério da Saúde, que preconiza o rastreamento bianual, a partir dos 50 anos. No entanto, para a Dra. Livia, os benefícios do exame justificam iniciar o rastreamento mais cedo. “A mamografia é um exame com baixíssima radiação, cerca de 10 vezes menor que um exame de tomografia, por exemplo. Os benefícios associados à realização da mamografia com possibilidade de detecção precoce de lesões da mama já estão consolidados”, afirma.
É possível prevenir o câncer de mama?
A resposta para essa pergunta vai ao encontro do lema de uma das campanhas recentes da SBM: “Quanto antes você adotar hábitos saudáveis de vida, melhor”.
Esse lema se aplica aos cuidados para ajudar a prevenir o câncer de mama, como explica a Dra. Livia: “Diversos estudos apontam que a prática de atividade física (pelo menos 30 minutos diários ou 150 minutos semanais) está associada à diminuição de quase 30% nas chances de se desenvolver um câncer de mama”. Evitar ou reduzir o consumo de bebidas alcoólicas, não fumar e perder peso também fazem parte de um estilo de vida saudável.
5 de abril de 2024
,Letícia Martins
Jornalista com foco em saúde, escritora, fundadora da Momento Saúde Editora e da revista Momento Diabetes.