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Efsitora: uma nova insulina semanal à vista

Estudos mostram que esse medicamento traz eficácia e segurança semelhantes às melhores insulinas basais diárias em pessoas com diabetes tipo 2 – com ganho potencial na qualidade de vida

Imagine trocar 365 injeções subcutâneas de insulina basal ao ano por 52. Ou, em vez de aplicar uma picada diária, fazer isso só uma vez por semana – e ainda assim manter o diabetes sob controle. Pois é nesse caminho que foram apresentados, no Congresso Europeu de Diabetes, os estudos de fase 3 da insulina subcutânea semanal efsitora. 

De acordo com uma dessas pesquisas, a medicação trouxe perfis similares de eficácia e segurança para pacientes com diabetes tipo 2 em comparação com a insulina diária degludeca (talvez a insulina basal mais eficaz e segura que temos hoje no Brasil). 

Isso significa que sua capacidade de controlar a glicose é estatisticamente igual, assim como o impacto no peso corporal e o risco de hipoglicemia. 

E há quem se assuste com um ponto: a dose semanal da insulina efsitora é o resultado da somatória das doses diárias. Por exemplo: se uma pessoa usa 20 unidades de insulina degludeca diária, ela equivaleria, a princípio, a 140 unidades de insulina efsitora semanal. 

Mas não é que o paciente precisará injetar um volume enorme nessa aplicação semanal. A concentração de insulina no novo produto é muito maior, então não se nota uma grande diferença na hora da aplicação.

E quais as vantagens de apostar em uma insulina basal semanal? Antes de tudo, o menor número de picadas ao ano pode favorecer o engajamento do paciente ao tratamento, pois gera comodidade e facilita a posologia. 

Também não devemos nos esquecer de que há pessoas com fobia de agulhas. Apesar de termos agulhas de dimensões muito pequenas (4 mm de comprimento e 0,23 mm de espessura), algumas pessoas não podem nem imaginar serem picadas diariamente. Já um produto semanal, quem sabe? 

Ainda no Congresso Europeu de Diabetes, foram revelados os resultados desse remédio em pessoas com diabetes tipo 1. Porém, nesse caso, o risco de hipoglicemia foi superior entre quem utilizou a insulina efsitora, especialmente nas primeiras 12 semanas de uso. Os pesquisadores reconhecem que uma mudança no esquema de doses iniciais de insulina semanal talvez seja necessária para esse pessoal.

Apesar das novidades, ainda não há previsão de aprovação da insulina semanal efsitora nos Estados Unidos, na Europa… e muito menos no Brasil.

Só que outra insulina semanal, a icodeca, já foi registrada na Europa para adultos com diabetes tipo 1 e 2. Ela aguarda liberação nos Estados Unidos e no Brasil. São opções que se acumulam em prol do bem-estar do paciente.

Por Carlos Eduardo Barra Couri,

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Carlos Eduardo Barra Couri

Médico endocrinologista e curador do Portal Olhar da Saúde.

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