Longe da bronquiolite: inverno saudável para as crianças

Nessa época do ano, doenças respiratórias costumam acometer mais os pequenos justamente porque seu sistema imunológico ainda está em desenvolvimento

Já faz algum tempo que regiões como o Norte, o Nordeste e até o Sudeste do Brasil não enfrentam invernos marcantes, não é verdade? No entanto, isso não significa que doenças típicas do meio do ano tenham desaparecido – nem mesmo aquelas que acometem principalmente as crianças. A bronquiolite é uma delas.

O que é a doença e quais são suas causas

Comum entre os pequenos com menos de dois anos, a bronquiolite é a doença respiratória aguda responsável pela inflamação dos bronquíolos – as pequenas vias aéreas nos pulmões que ligam os brônquios aos alvéolos. Essas ramificações, apesar de minúsculas (seu diâmetro não chega a 1 mm), representam partes fundamentais do aparelho respiratório.

As infecções virais respondem pela maior parte dos casos, e o agente infeccioso mais frequente associado à bronquiolite atende pelo nome de vírus sincicial respiratório (VSR). Mas nada impede que também desencadeiem o quadro vírus como adenovírus, rinovírus e até o da influenza – , a famigerada gripe.

Uma das razões para a doença chamar a atenção nas crianças é o inchaço nos bronquíolos, decorrente da inflamação. Considerando um bebê com poucos meses, ou até dias de vida, esse estado pode ser preocupante, pois dificulta a passagem do ar em um tubo que já é pequeno – causando assobios, ou chiados.

Sintomas

Outros dos sintomas iniciais também são parecidos com os do resfriado: obstrução nasal, coriza, tosse. Sinais de gravidade, que incluem falta de ar e dificuldade para respirar, obrigam uma atenção médica mais detalhada. A doença pode evoluir para baixa oxigenação do sangue e exigir tratamento com oxigênio ou ventilação mecânica, mas felizmente essa necessidade não representa a maioria dos casos, a qual se resolve em 3 a 15 dias.

Para os casos leves, são indicados os medicamentos broncodilatadores, por promoverem a dilatação das vias aéreas nos pulmões, sobretudo na presença de chiados. Pacientes desse grupo podem receber tratamento de suporte em casa, sempre de olho na febre e sem descuidar da alimentação e da hidratação.

Prevenção

Falando em cuidados, previne-se a bronquiolite evitando locais onde se sabe que haja crianças ou adultos com quadro de doenças respiratórias e adotando um cuidado simples, porém crucial: manter as mãos da criança sempre limpas, o que dificulta o surgimento de outras infecções. Não propagar pela boca e pelo nariz partículas respiratórias, cobrindo-os com lenço descartável ou o cotovelo, também ajuda a diminuir a contaminação pelo ar. E, na presença de quaisquer dos sintomas descritos, sempre vale consultar o médico.

Para crianças, pode ser feita profilaxia específica com dois anticorpos monoclonais anti-VSR — o palivizumabe ou o nirsevimabe:

– O palivizumabe está disponível no Programa Nacional de Imunizações (PNI) para as crianças com risco elevado de desenvolver infecção grave pelo VSR: prematuros e bebês e crianças jovens com doenças cardíacas ou pulmonares graves. É administrado por injeção intramuscular, uma vez por mês (de 1 a 5 doses), durante o período de maior circulação do vírus, que varia de região para região no Brasil (Região Norte: fevereiro a junho; demais regiões: março a julho).

– O nirsevimabe já foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e em breve estará disponível no sistema privado de vacinação. Ele é recomendado em dose única a todas as crianças até completarem 1 ano de idade, 1 mês antes ou durante a sazonalidade, de acordo com a região do Brasil. Na segunda sazonalidade, é recomendado para crianças com maior risco: doença pulmonar crônica da prematuridade (DPCP) com necessidade de suporte médico, imunocomprometimento grave; fibrose cística e cardiopatias congênitas não corrigidas.

Com essas medidas, é possível manter os pequenos afastados de complicações de saúde indesejáveis e com eles aproveitar ao máximo o inverno – mesmo quem torce para que ele acabe logo!

P.S.: no Brasil, há aprovação da vacinação contra VSR para pessoas acima de 60 anos de idade. Trata-se da vacina Arexvy®, com posologia de dose única.

Da redação, 8 de agosto de 2024