Olhar da Saúde-Thumbs-Medicamento para diabetes

Medicamento para diabetes mostra resultados promissores para frear progressão do Alzheimer

Estudo com liraglutida sugere um retardo do declínio cognitivo em voluntários com formas leves dessa demência

Um dos momentos mais comentados da Conferência Internacional da Associação de Alzheimer, na Filadélfia (Estados Unidos), foi a apresentação do estudo ELAD.

Trata-se de uma pesquisa de fase 2 em que se testou o efeito da liraglutida em 204 pessoas com formas leves de doença de Alzheimer. Cabe destacar que esse é um medicamento classicamente usado contra o diabetes tipo 2 – portanto, já está disponível.  

Estudos prévios apontam que as moléculas que atuam no receptor GLP-1, como liraglutida e semaglutida (conhecidas, respectivamente, pelos nomes comerciais Victoza e Ozempic), auxiliam na redução do processo inflamatório cerebral peculiar daqueles que possuem Alzheimer, o que poderia contribuir para retardar o curso dessa condição. 

Apesar de o diabetes ser um fator de risco para demências em geral, pessoas com essa doença não foram incluídas no estudo para evitar possíveis confusões no resultado. 

Pois bem: metade dos participantes manteve o tratamento padrão, enquanto a outra acrescentou ainda a liraglutida na dose diária de até 1,8 mg, aplicada de forma subcutânea. O desfecho primário (o objetivo principal do estudo e para o qual ele é desenhado, por assim dizer) foi avaliar se houve melhora na taxa metabólica de glicose em diversas áreas do cérebro através de exame de imagem. 

Nesse quesito, não houve diferença entre os grupos após um ano de acompanhamento. Mas os desfechos secundários (os outros indicadores examinados pela pesquisa) apontaram que o pessoal que recebeu liraglutida apresentou um declínio mais lento do déficit cognitivo e uma menor redução do volume cerebral.

 Os efeitos adversos mais frequentes no estudo foram os gastrointestinais, como náuseas, diarreia ou constipação. Mas eles foram leves ou moderados em intensidade, e também transitórios. 

Apesar de ser fase 2, o ELAD é mais um entre outros tantos estudos que mostram resultados promissores das terapias baseadas em GLP-1 contra o Alzheimer. 

Vamos aguardar pesquisas maiores e com seguimento mais longo para verificar se poderemos em breve utilizar essa classe de medicamentos na prática clínica de pessoas com essa demência. 

Por Carlos Eduardo Barra Couri,

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Carlos Eduardo Barra Couri

Médico endocrinologista e curador do Portal Olhar da Saúde.

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