Olhar da Saúde-Thumbs-Mudanças na dieta podem melhorar a dor da fibromialgia

Mudanças na dieta podem melhorar a dor da fibromialgia?

O que a ciência sabe sobre o impacto da alimentação nessa doença que gera dor generalizada e cansaço

Atualmente, alguns profissionais têm recomendado intervenções dietéticas, como a retirada do glúten ou a suplementação de vitaminas, como parte do tratamento da fibromialgia. Mas será que essas e outras estratégias alimentares realmente atenuam os sintomas dolorosos da doença?  

Antes de responder, vou explicar o que é a fibromialgia. Em resumo, trata-se de uma doença não inflamatória, com duração superior a três meses, que cursa com dor generalizada, fadiga e sono não repousante. Outras manifestações podem estar presentes, como sensação de inchaço em mãos e antebraços, cólicas abdominais e formigamento em diferentes partes do corpo. Problemas com memória e concentração eventualmente aparecem. 

A fibromialgia afeta até 5% da população mundial, sendo mais frequente em mulheres entre 25 e 65 anos. Pois bem: em 2023, um grupo de uma universidade dos Estados Unidos reuniu as pesquisas mais relevantes sobre intervenções dietéticas em pessoas com fibromialgia. Isso com o objetivo de verificar o que realmente vale a pena fazer. 

Nessa revisão de estudos, eles distinguiram diferentes estratégias:

  • Dietas à base de plantas (vegetariana, vegetariana crua, vegana crua)
  • Dieta anti-inflamatória (com alto consumo de frutas, verduras, castanhas e azeite de oliva e baixa ingestão de carnes vermelhas)
  • Diferentes dietas restritivas, com cortes de açúcar simples, corantes, adoçantes, bebidas cafeinadas, grãos com glúten, aspartame, glutamato, alimentos fermentados (FODMAPs) etc. 

A partir da consolidação dos dados dessas diferentes pesquisas, os cientistas notaram que as dietas à base de plantas e a anti-inflamatória trouxeram melhora significativa nas medidas de dor dos pacientes. Os resultados com as outras estratégias foram inconsistentes – ou seja, demandam mais investigações. 

Um mecanismo potencial que explicaria o sucesso das dietas à base de plantas e da anti-inflamatória é a perda de peso. Isso porque, nos pacientes com fibromialgia, o emagrecimento está associado à melhora da dor. 

Outra hipótese é a diminuição de neurotransmissores na sensibilização central que seria promovida por esses padrões de alimentação. Contudo, essas duas teorias ainda precisam ser testadas.

No geral, essa revisão sugere que o consumo regular de vegetais parece positivo para pessoas com fibromialgia. Mas alguns pontos dessa revisão pedem cautela com quaisquer conclusões. Por exemplo: não havia informação sobre a adesão às dietas e a variabilidade de intensidade da dor. 

Enfim, há uma expectativa de que ajustes na alimentação amenizem a dor em pacientes com fibromialgia, mas novos estudos precisam ser conduzidos com maior número de pacientes e períodos mais longos de acompanhamento antes de afirmarmos qualquer coisa. 

Por Daniela Moraes,

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Daniela Moraes

Médica reumatologista pelo HC-FMRP-USP. Graduação, mestrado e doutorado pela FMRP-USP.

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