Olhar da Saúde 2025-Thumbs-Nova vacina pneumocócica

Nova vacina pneumocócica chega ao Brasil: maior proteção contra pneumonia, meningite e outras infecções graves

A 20-valente amplia a cobertura e é uma aliada importante na prevenção de hospitalizações e mortes por doença pneumocócica

Com o início do outono e a queda nas temperaturas, os casos de doença pneumocócica tendem a aumentar, gerando uma preocupação significativa para o sistema de saúde pública no Brasil. Ela é provocada pela bactéria pneumococo (Streptococcus pneumoniae), responsável por causar infecções invasivas graves, como pneumonia, meningite e septicemia (sepse), que podem levar a hospitalizações, risco de sequelas e até à morte, e infecções não invasivas, como otites e sinusites, que elevam a demanda por consultas médicas, tratamento com antibióticos e reabilitações.

Os grupos mais vulneráveis são as crianças menores de 5 anos, idosos e pessoas com imunodeficiências ou algumas doenças crônicas. Felizmente, é possível prevenir a doença pneumocócica com vacina. No Brasil, há quatro vacinas pneumocócicas conjugadas (VPC), que são inativadas, ou seja, não têm como causar as doenças. São elas:

– 10-valente (VPC10),

– 13-valente (VPC13),

– 15 valente (VPC15) e

– 20-valente (VPC20) ou Pneumo 20, o mais novo imunizante disponível no país para proteger contra pneumonia, meningite e otite média.

A vacina 20-valente foi aprovada em 2023 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e as primeiras doses chegaram aos centros e clínicas de vacinação particulares do país em dezembro de 2024. Ela foi desenvolvida pela Pfizer com o nome comercial de Prevenar® 20, e a principal diferença dela em relação às vacinas anteriores é que previne mais tipos de pneumococos – 20 no total. Além disso, conta a seu favor o fato de:

– Ajudar a prevenir infecções recorrentes de ouvido, que podem impactar a audição e o desenvolvimento das crianças;

– Ser uma aliada na prevenção da resistência aos antibióticos, pois reduz a necessidade de usar medicamentos;

– Ser intercambiável, isto é, poder ser administrada com outras vacinas;

– Ser recomendada em bula(1) tanto para uso pediátrico (acima de 6 semanas de idade) quanto adulto (acima de 18 anos).

Evolução das vacinas

De acordo com o médico infectologista Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), existem mais de 100 tipos de pneumococos identificados. Historicamente, a imunização da doença pneumocócica começou com as vacinas de 7-valente, que retiraram do circuito alguns sorotipos, mas, com isso, outros surgiram para ocupar seu lugar – fenômeno chamado de “replacement” ou substituição.

No Brasil, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde utiliza principalmente a vacina 10-valente, que não protege contra os três sorotipos responsáveis por dois terços das doenças pneumocócicas atualmente: 3, 6A e 19A. Já as vacinas 13, 15 e 20-valente cumprem esse papel. “Então, o grande salto de proteção contra as doenças pneumocócicas é migrar da vacina 10-valente para qualquer uma dessas três vacinas. Há um pleito das sociedades científicas e da própria Câmara Técnica, assessora do Ministério da Saúde nesse sentido”, afirmou Kfouri. “À medida que a vacinação avança no país, a quantidade de valências aumenta: passamos de 7 para 10, depois para 13, 15 e agora 20-valente. Essa evolução é vista como fundamental na luta contra a doença pneumocócica”, completou.

Onde encontrar as vacinas?

– VPC10: nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE);

– VPC13: nos CRIE e nos serviços privados de vacinação;

– VPC15 e VPC20: nos serviços privados de vacinação.

Para quem a vacina é indicada?

A SBIm recomenda a vacina contra a doença pneumocócica para a rotina de:

– Crianças a partir de 2 meses de idade;

– Crianças a partir de 2 anos de idade, adolescentes e adultos portadores de comorbidades de risco;

– Pessoas a partir de 60 anos.

Sempre que possível, deve-se dar preferência às vacinas VPC20 ou VPC15. Na impossibilidade, utilizar a vacina VPC13. 

Qual é o esquema vacinal recomendado?

De acordo com a SBIm(2), na rotina, o esquema deve ser iniciado aos 2 meses de idade, com três doses (aos 2, 4 e 6 meses) e um reforço entre 12 e 15 meses.

Em caso de atraso do início da vacinação, o esquema dependerá da idade da criança no momento em que a primeira dose de VPC15 ou VPC20 for aplicada:

– Até 6 meses: três doses no primeiro ano de vida e reforço entre 12 e 15 meses de idade (esquema 3 + 1);

– Entre 7 e 11 meses: duas doses no primeiro ano de vida e reforço entre 12 e 15 meses de idade (esquema 2 + 1);

– Entre 12 e 24 meses: duas doses com intervalo de dois meses (esquema 1 + 1);

– A partir de 24 meses: dose única.

Segundo o infectologista, quem já tomou a VCP13 ou a VCP15 não precisa receber a VCP20, mas, para quem tomou a VCP10, a ampliação da proteção é essencial. “A vacina pode ser aplicada simultaneamente com outras do calendário vacinal tanto da criança quanto do idoso, tornando-se um recurso valioso para a saúde pública”.

Resumindo, a nova vacina VCP20 já está disponível nas farmácias e é uma oportunidade importante para fortalecer a imunização, especialmente em um período crítico de aumento nas infecções respiratórias.

Referências

  1. PFIZER. Prevenar® 20 vacina pneumocócica 20-valente (conjugada). Disponível em: https://www.pfizer.com.br/files/Prevenar-20_Profissional_de_Saude_03.pdf. Acesso em: 23 abr. 2024.
  2. SBIm. Sociedade Brasileira de Imunizações. Vacinas Pneumocócicas Conjugadas. Disponível em: https://familia.sbim.org.br/vacinas/vacinas-disponiveis/vacinas-pneumococicas-conjugadas. Acesso em: 28 fev. 2025.

Por Letícia Martins,

Olhar da Saúde-Leticia Martins

Letícia Martins

Jornalista com foco em saúde, escritora, fundadora da Momento Saúde Editora e da revista Momento Diabetes.

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