Pretende se aposentar pelo INSS? Não deixe de ler esta matéria
A aposentadoria do governo tem fragilidades pouco debatidas e que
podem afetar sua segurança financeira e seu bem-estar quando você mais precisar
Talvez o momento mais importante para ter uma condição de vida digna é a velhice. Lá, precisaremos de cuidados especiais com a saúde, planos que cubram todos os possíveis problemas e remédios para as doenças que naturalmente podemos desenvolver ao longo da vida. E esses pontos possuem algo em comum: a necessidade de uma boa condição financeira.
O Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) é responsável por vários dos auxílios e benefícios recebidos pelos brasileiros, sendo o principal deles a aposentadoria. Contudo, o sistema previdenciário brasileiro possui fragilidades em sua estrutura, de modo que não é seguro presumirmos que ele será capaz de manter nossa qualidade de vida no futuro.
Em 2024, o teto de recebimento do INSS é de R$ 7.786,02, o que pode parecer bastante para a maioria da população. Porém, existem alguns “pequenos-grandes detalhes” que raramente nos contam.
Depois de todos os dados que serão abordados aqui, acho que você entenderá que o INSS não é tão seguro quanto seu nome sugere.
Mudanças frequentes nas regras
Sim, isso acontece com frequência no INSS. E várias incertezas já surgem disso, como:
- Qual será a idade mínima para me aposentar daqui a 20, 30 ou 40 anos?
- Quantos anos de contribuição serão necessários para me aposentar?
- A alíquota do INSS pode subir e consumir uma fatia cada vez maior do meu salário?
Várias são as mudanças que podem – e devem – acontecer ao longo das próximas décadas, e nós devemos estar preparados para isso.
“O INSS investe o seu dinheiro”
Um mito comum é que os recursos destinados ao INSS são investidos para que, no futuro, estejam disponíveis para nós. Isso não é verdade.
Os recursos pagos hoje para o INSS são imediatamente redirecionados para quem é aposentado e pensionista. Ou seja, na prática, quando você for se aposentar, quem bancará os seus pagamentos mensais serão os trabalhadores do futuro.
E aqui surge mais um problema.
Fim do boom demográfico
A tendência de crescimento demográfico é outro fator que não deve mais ajudar o Brasil. A taxa de crescimento da população vem desacelerando, e a expectativa é que atinja um pico no início da década de 2040.
À primeira vista, o cenário atual não parece tão preocupante, já que o percentual da população adulta ainda é muito maior do que o da acima dos 60 anos.
Porém, as projeções mostram que o percentual de idosos em relação à população total chegará perto da população adulta, o que tornaria a relação entre pessoas em idade de trabalhar e idosos em idade de receber o INSS em praticamente 1:1.
Como você deve imaginar, essa conta precisaria ser muito mais positiva do lado de quem financia, já que é cobrado apenas um percentual do salário de cada trabalhador, enquanto a aposentadoria mensal é de no mínimo um salário-mínimo.
Do contrário, o INSS pode ruir, ou exigir que as pessoas trabalhem cada vez mais tarde na vida até ganharem o direito à aposentadoria.
Expectativa de vida
Ela também vem aumentando desde a década de 1930. Hoje, as estimativas são que uma pessoa viva, em média, até os 77 anos, e as projeções são que esse número chegue aos 89 anos em 2100.
Ou seja, a cada ano que passa, é esperado que a gente viva ainda mais – o que é algo excelente, porém péssimo para o sistema previdenciário do INSS.
Alíquota do INSS
Uma das formas que o governo tem para amenizar a situação é cobrando o INSS de cada vez mais pessoas, além de subir a alíquota máxima, ao longo do tempo. No ano de 1990, a alíquota máxima era de 10% da renda bruta – hoje, é de 14%.
Aqui eu faço uma pergunta: quanto você acha que, daqui a 20 anos, essa alíquota vai ser maior ou menor do que os atuais 14%? Eu acho que já sabemos a resposta.
E, mesmo que a alíquota suba, os outros fatores são muito intensos, o que sugere um desequilíbrio no balanço do INSS. Tanto que, só em 2023, o prejuízo foi de 306 bilhões de reais.
Quem “tapa esse buraco”? O Tesouro Nacional. Como quem financia o governo é a população, podemos dizer que todos nós pagamos por esse déficit, seja com o aumento dos impostos ou da dívida pública, seja com a aceleração da inflação.
Aqui estão as projeções nada otimistas sobre o futuro do INSS:
Fonte: BGU/2023, com dados extraídos de reportagem disponível em: <https://valor.globo.com/brasil/noticia/2024/04/11/veja-como-o-deficit-da-previdencia-deve-ficar-cada-vez-pior-ate-2100.ghtml>. Acesso em maio de 2024.
Do ponto de vista individual, isso gera uma insegurança quanto à sustentabilidade e ao futuro da aposentadoria pelo INSS.
Se deseja ter qualidade de vida quando passar dos 60, você precisa investir o seu dinheiro para não depender da bomba relógio que infelizmente é o INSS.
28 de maio de 2024
,Renan Zanella
Sócio-diretor de consultoria da Zanella Wealth e administrador pela USP.