Queimadas no Brasil: cuidados essenciais para pessoas com diabetes
A secura e a fumaça trazem consequências inesperadas para quem tem essa doença. Mas há como se proteger!
As queimadas que atingem várias regiões do Brasil nesta época do ano trazem riscos à saúde, especialmente para pessoas com diabetes e que utilizam insulina. Sim, quem tem essa doença deve ter atenção redobrada, e eu explico o porquê.
O clima seco, o calor e a fumaça das queimadas aumentam o risco de desidratação e doenças pulmonares. E acontece que asma, pneumonia, bronquite e outros problemas respiratórios podem descontrolar os níveis de glicose, geralmente elevando-os. Em uma pessoa com diabetes, que já toma medicamentos para manter a glicemia em níveis adequados, esse contexto traz riscos adicionais.
O tratamento das condições respiratórias que podem ser deflagradas pela fumaça também exige cuidado. Por exemplo: o uso de corticosteroides (como prednisona, prednisolona e dexametasona) pode elevar significativamente a glicemia. Se for necessário recorrer a eles, é essencial comunicar o médico que acompanha o seu caso e monitorar o diabetes de perto.
A desidratação decorrente da secura também é problemática para aqueles com diabetes que usam insulina, porque favorece a hiperglicemia grave e a cetoacidose diabética, uma condição que requer tratamento imediato para evitar riscos maiores.
Além disso, a fuligem e o calor das queimadas são capazes de comprometer a eficácia da insulina, se não for armazenada corretamente. Verifique sempre se ela está sendo guardada em condições adequadas, evitando locais quentes e sujos.
Já as recomendações básicas são as mesmas para o restante da população: evite áreas com muita fumaça, limite atividades físicas ao ar livre, mantenha-se bem hidratado e procure atendimento médico se apresentar sintomas respiratórios. Em situações críticas, acione o serviço de resgate.
27 de agosto de 2024
,Thiago Hirose
Endocrinologista pediátrico, membro da SPSP e educador em diabetes pela ADJ Diabetes Brasil.