Risco de amputações cresce no Brasil e sociedade médica pede cuidado redobrado a quem tem diabetes
Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular chama atenção para os riscos de complicações nos pés e reforça orientações de prevenção no Dia Mundial do Diabetes
No dia 14 de novembro, o Dia Mundial do Diabetes traz uma importante oportunidade de conscientização sobre uma doença que afeta cerca de 16 milhões de brasileiros, segundo a Federação Internacional de Diabetes (IDF). A data busca difundir informações essenciais sobre os riscos e a prevenção da doença, que pode levar a complicações graves se não for controlada.
Entre os alertas da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), estão os cuidados necessários com os pés em pessoas com diabetes. A doença, que interfere na produção e no uso da insulina, compromete a circulação e a sensibilidade nas extremidades do corpo, especialmente nos pés. Em homens, a doença pode ocasionar diversas complicações, entre elas impotência sexual ou disfunção erétil, doenças cardiovasculares, problemas nos rins e em diversos outros órgãos.
Amputações em alta no Brasil
Dados do Ministério da Saúde, analisados pela SBACV, mostram uma alta preocupante nas amputações de membros inferiores no Brasil, especialmente entre as pessoas com diabetes. Em 2022, o SUS registrou 10.940 procedimentos de amputação por diabetes; em 2023, esse número subiu para 11.326. Nos primeiros seis meses de 2024, já são 5.710 casos. Esses números refletem a prevalência do chamado “pé diabético”, uma condição marcada, entre outras coisas, por infecções e úlceras que pode levar à amputação.
Para pacientes com diabetes não controlado, o risco de complicações é maior, pois a circulação deficiente torna as feridas difíceis de cicatrizar e mais vulneráveis a infecções graves. Quem possui pé diabético precisa redobrar os cuidados, pois a falta de sensibilidade faz com que a pessoa não perceba rapidamente o calor da areia ou objetos cortantes, aumentando a chance de feridas e queimaduras. Cuidados básicos, como lavar os pés todos os dias com sabão neutro e água morna, enxugar bem entre os dedos para evitar fungos, aparar as unhas com lixa, evitar retirar as cutículas, evitar andar descalço, escolher sapatos fechados, escolher meias de algodão e se atentar a bolhas, rachaduras e ressecamentos, podem fazer a diferença e prevenir feridas.
Conscientização e prevenção
A importância desses cuidados é vivenciada por pessoas como Mariza Rocha, que descobriu o diabetes após a primeira gravidez. Hoje ela enfrenta os desafios da neuropatia e retinopatia, condições que a fizeram perder a visão de um dos olhos e a deixaram suscetível a feridas graves nos pés. “Fui diagnosticada com pé diabético e precisei de uma internação de 28 dias para tratar feridas que quase me custaram um dedo. Desde então, sigo orientações rigorosas para prevenir novas infecções”, compartilha.
“Durante toda a doença, senti que a falta de informação prejudicou demais o diagnóstico certo. Minha mãe era diabética, logo descobri que possivelmente seria hereditário. Iniciei com medicação oral; no entanto, com o passar dos anos, me tornei insulinodependente.”
A SBACV reforça a necessidade de diagnóstico precoce, enfatizando que muitas pessoas não percebem os primeiros sinais da doença. Esse período assintomático é crítico, pois já podem surgir complicações. Para controlar o diabetes tipo 2, a recomendação inclui uma alimentação equilibrada, prática regular de exercícios e a interrupção de tabaco e álcool. Já para o diabetes tipo 1, que tem componente autoimune, é fundamental o acompanhamento médico regular e o controle dos níveis de glicose para evitar complicações, como neuropatia e doença vascular periférica, que comprometem a circulação e a sensibilidade dos pés.
Por Dr. Armando Lobato, 12 de novembro de 2024