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Setembro Amarelo: como o olhar atento dos líderes pode ajudar no combate à depressão e burnout dentro das empresas

Especialista explica a relação entre o esgotamento mental e transtornos mentais como a depressão

De acordo com a OMS, a depressão é um transtorno mental comum que afeta mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo a principal causa de incapacidade global. A patologia impacta na vida diária e na execução de atividades rotineiras como se alimentar, dormir e trabalhar. No ambiente corporativo, a condição pode estar relacionada ao esgotamento mental, resultante do estresse severo e das jornadas exaustivas de trabalho. Nesse contexto, os gestores e líderes podem desempenhar um papel crucial em identificar os sinais de alerta e agir para tornar o local de trabalho mais acolhedor e saudável.

Luciana Benedetto, especialista em saúde da BurnUp – healthtech de saúde mental, onde lidera testes de avaliações na área de Neurociência e Psicologia – alerta que os sintomas de depressão podem incluir cansaço, falta de apetite, alterações no padrão de sono e a ausência de prazer em atividades anteriormente apreciadas. Ela destaca que a depressão é um dos principais fatores de risco para ideação suicida, uma vez que é uma condição silenciosa frequentemente desconsiderada por familiares, colegas e líderes no ambiente de trabalho.

“Não devemos confundir depressão com o quadro em que a pessoa está completamente prostrada. A depressão pode se manifestar enquanto a pessoa ainda desempenha suas funções familiares, sociais e profissionais, mas com grande sofrimento. A falta de uma leitura social pode levar à invisibilidade dos sinais e sintomas”, explica Luciana.

A psicóloga e neurocientista acrescenta que o burnout, ou esgotamento mental, pode agravar tanto a depressão quanto aumentar o risco de suicídio. A síndrome de burnout, atualmente classificada pela OMS como uma doença ocupacional, afeta cerca de 32% dos trabalhadores no Brasil, segundo a ISMA (International Stress Management Association). “Embora o burnout seja caracterizado por exaustão extrema, estresse e desgaste físico relacionado ao trabalho, também pode afetar pessoas fora desse ambiente, como mães que enfrentam pressões e rotinas desgastantes”, complementa Luciana.

Para prevenir a exaustão extrema e evitar quadros mais graves, é fundamental promover um ambiente de trabalho saudável e acolhedor. Segundo Luciana, essa transformação organizacional deve começar pelos líderes e gestores, que precisam ser capacitados por meio de conhecimento e psicoeducação para melhor gerenciar suas equipes.

“No ambiente de trabalho, é essencial adotar uma abordagem mais humana, priorizando o bem-estar e criando espaços para escuta ativa, reflexões e trocas. Devemos reconhecer que os humanos não são máquinas e que não podemos sustentar cargas horárias excessivas sem pausas”, ressalta Luciana.

Se você ou alguém que conhece necessitar de ajuda, procure os canais oficiais do Ministério da Saúde ou do Governo Federal:

  • Centro de Valorização da Vida (CVV) – 188 (ligação gratuita) ou acesse o chat no cvv.org.br.
  • CAPS e Unidades Básicas de Saúde mais perto da sua casa (Saúde da Família, Postos e Centros de Saúde);
  • Se sentir que é urgente, procure a UPA 24H mais perto da sua casa ou chame o SAMU ligando 192 (ligação gratuita).

Por Maria Júlia Bueno Cabral, jornalista

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