Tipo 1 ou 2? Quais as principais diferenças entre as duas formas mais comuns do diabetes
A confusão entre essas duas versões da doença é comum, mas há particularidades sobre cada uma que ajudam no diagnóstico, no tratamento e na prevenção
O que pode ter de silencioso, tem de sério. Caracterizado pela elevação da glicose no sangue, o diabetes é uma doença que assusta muita gente, e uma das razões para isso está justamente no longo tempo que ela leva para se manifestar. Sem contar que seus sintomas podem ser atribuídos a outras patologias até que o paciente receba o diagnóstico correto.
Uma pesquisa recente sobre o diabetes traz números impressionantes: ele atinge 10,5% da população brasileira, segundo dados do Vigitel Brasil 2023. E o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, afirma que esses dados estão certamente subestimados.
“Na pesquisa VIGITEL, as perguntas são feitas por telefone fixo, que poucos usam, e se desconsideram pessoas que porventura tenham diabetes, mas desconhecem o diagnóstico por não terem feito exames recentemente”, aponta o médico.
Essa mesma pesquisa informa que o país é o quinto em incidência da doença no mundo. E, corroborando o aspecto silencioso da patologia, o Atlas do Diabetes de 2021, publicado pela Federação Internacional de Diabetes (IDF), aponta que 31,9% dos brasileiros com diabetes desconhecem viver com ele.
Sabendo das estatísticas e de suas limitações, quais são as principais diferenças entre o diabetes tipo 1 e o tipo 2, por exemplo? Podemos, aqui, ajudar nessa diferenciação.
Diabetes tipo 1: uma doença autoimune
O diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é caracterizado pela destruição autoimune das células beta do pâncreas, que produzem insulina – hormônio cuja função principal é controlar a quantidade de glicose no sangue.
Em outras palavras: o sistema de defesa, que é feito para nos proteger, acaba por atacar o pâncreas e, com isso, comprometer a produção de insulina.
Apesar de o componente genético ser menos importante nesse tipo de diabetes, familiares como pais ou irmãos constituem fatores de risco para a condição.
Normalmente, o diagnóstico de diabetes tipo 1 é feito com base em sintomas como:
- Sede excessiva
- Visão turva
- Urina em excesso
- Emagrecimento
- Prostração
Não raramente o diagnóstico é feito num pronto-socorro.
A partir daí, a pessoa deve usar regularmente diferentes versões de insulina. São, em geral, várias aplicações ao dia para sobreviver.
Até o momento, não existe prevenção para esse tipo, até porque nem conhecemos ao certo o motivo de seu aparecimento.
O DM1 pode ser diagnosticado em qualquer faixa etária, mas isso ocorre mais comumente em crianças e adultos jovens. Não é comum pessoas com essa condição estarem muito acima do peso.
Diabetes tipo 2: uma consequência do nosso estilo de vida
O diabetes mellitus tipo 2 (DM2), por sua vez, abrange 90% dos casos de diabetes mundo afora. Embora costume surgir na idade adulta (após os 40 anos) e tenha um componente genético mais relevante, ele tem aumentado em crianças e adolescentes por causa de alimentação inadequada, sedentarismo e obesidade.
Explica-se: esses hábitos, com o tempo, incitam a chamada resistência à insulina, um processo no qual esse hormônio está disponível, porém não consegue exercer adequadamente sua função de inserir a glicose no interior das células. No começo, o pâncreas compensa o quadro acelerando sua produção, porém, com o tempo, isso danifica suas estruturas – aí a insulina fica em falta.
Pessoas com DM2 podem apresentar alguns sintomas decorrentes da glicose elevada no sangue, como aqueles citados em pessoas com o tipo 1.
Porém, é fundamental saber que o curso dos sintomas nas pessoas com DM2 é mais silencioso. Sabe qual o principal sintoma de DM2, pelo menos no início? Nenhum!
Infelizmente muitos brasileiros descobrem a condição apenas quando apresentam alguma complicação, como deficiência visual, perda da função dos rins, amputações, infarto do coração etc.
Por isso, a realização de exames médicos periódicos é fundamental. O teste de glicose no sangue é simples, fácil, barato e disponível em todo o Brasil pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Procure o médico!
Após o diagnóstico de diabetes, consultar um especialista é primordial. Só ele é capaz de fornecer orientações individualizadas a serem seguidas pela pessoa, o que ajuda a desfazer alguns estigmas e mitos em torno da condição.
Assim, vencem-se tanto a falta de conhecimento quanto a desinformação, tão comum nos tempos atuais. O diabetes é um dos maiores exemplos de que a base do tratamento é informação.
16 de março de 2024
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