Olhar da Saúde-Thumbs-Vacina contra a dengue

Vacina contra a dengue: quem receberá as doses do SUS?

A prioridade é vacinar crianças e adolescentes de 10 a 14 anos; idosos, gestantes e lactantes não têm indicação para receber o imunizante. Entenda o porquê

A vacina contra a dengue começou a ser aplicada no Brasil em fevereiro de 2024. Devido à capacidade limitada de produção do imunizante, a prioridade do Ministério da Saúde brasileiro é vacinar inicialmente crianças e adolescentes de 10 a 14 anos que moram em áreas com índice elevado de transmissão de dengue no Brasil.

Nessa primeira fase, a vacinação ocorre em crianças de 10 a 11 anos e deve avançar progressivamente nas faixas etárias conforme os novos lotes forem sendo recebidos no país. Segundo o Ministério da Saúde, a previsão é imunizar 3,2 milhões de pessoas ao longo deste ano, em 521 municípios de 16 estados e o Distrito Federal.

https://www.gov.br/secom/pt-br/fatos/brasil-contra-fake/noticias/2023/3/governo-federal-trabalha-para-ampliar-producao-de-vacina-contra-a-dengue#:~:text=Diante%20da%20capacidade%20limitada%20de,ainda%20no%20m%C3%AAs%20de%20fevereiro

O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, explica por que essa faixa etária está entre o público com maior número de internações pela dengue: “Em locais com alta transmissão da doença, as crianças têm a primeira infecção por dengue muito cedo e a segunda infecção acontece com maior frequência em adolescentes. Sabemos que o principal fator de risco para formas graves de hospitalização por dengue é a segunda infecção.”

Produzida pelo laboratório japonês Takeda, a vacina Qdenga (nome comercial) foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e sua administração ocorre em esquema de duas doses, com intervalo de três meses entre a aplicação. 

De acordo com a fabricante, a vacina está autorizada para pessoas de 4 a 60 anos. Por essa razão, a população idosa não foi incluída no grupo prioritário para receber o imunizante contra a dengue pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mesmo sendo mais vulnerável à doença devido à presença de doenças associadas. “Embora alguns países tenham entendido que os estudos de eficácia da vacina são suficientes para licenciá-la em idade superior, a Anvisa entendeu que ainda faltam dados para cumprir a faixa etária acima de 60 anos”, esclareceu Kfouri. 

Quem já teve dengue também precisa se vacinar para evitar a reinfecção ou, em caso de contágio, apresentar somente sintomas mais leves. 

Eficácia da vacina e efeitos colaterais

De acordo com dados divulgados pela SBim, a Qdenga demonstrou eficácia de 80,2% no intervalo de 12 meses após a segunda dose, de 90,4% nos casos de hospitalizações por dengue e de 85,9% para a dengue hemorrágica.

Em relação aos possíveis efeitos colaterais da vacina contra a dengue, o vice-presidente da SBim expõe que em torno de 10% a 15% dos vacinados podem sentir febre, mal-estar e dor de cabeça, em geral, entre 4 e 5 dias depois da aplicação. 

Contraindicações da vacina

A Qdenga possui vírus vivos atenuados da dengue, ou seja, ela contém o micro-organismo infectado, mas enfraquecido em laboratório. Por isso, não pode ser aplicada em gestantes, lactantes e pessoas com imunodeficiência.

Medidas de prevenção

A vacina é uma forma importante e eficaz de prevenir a dengue, mas, como ainda não há doses suficientes para todos, é fundamental continuar combatendo a proliferação do Aedes aegypti ao longo de todo o ano e não apenas no verão.

Eliminar água parada em locais que viram criadouros do mosquito, como caixas-d’água, vasos de plantas, lixo, pneus, entre outros, é a ação mais importante de combate ao mosquito.

Usar repelentes, roupas que protegem as pernas e os braços, mosquiteiros nas camas e, se possível, telas nas portas e janelas também configuram estratégias positivas para afastar o transmissor. Esses cuidados são ainda mais importantes para gestantes, que não podem tomar a vacina e têm maior risco de mortalidade materna por dengue hemorrágica. 

Por fim, anote mais esta informação: as medidas valem inclusive para quem já foi vacinado, pois, embora esteja protegida contra a dengue, essa pessoa pode ser infectada por outras doenças transmitidas pelo mesmo mosquito, como Zika e Chikungunya.

Por Letícia Martins,

Olhar da Saúde-Leticia Martins
Letícia Martins

Jornalista com foco em saúde, escritora, fundadora da Momento Saúde Editora e da revista Momento Diabetes.

Rolar para cima