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Wegovy® parece reduzir complicações e mortes por Covid-19, aponta estudo

Semaglutida, além de ajudar na perda de peso e no controle cardiovascular, pode reduzir complicações graves e mortes por COVIDA-19, sugere uma nova subanálise

Boa notícia vinda do Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, que aconteceu no fim de agosto em Madri. Uma subanálise do estudo SELECT mostrou que participantes com obesidade e sobrepeso e que estavam utilizando semaglutida na dose de 2,4 miligramas por semana (o nome comercial desse medicamento é Wegovy®) apresentaram menor risco de morte quando infectados pelos vírus Sars-CoV-2, o causador da COVID-19. 

O estudo SELECT é reconhecido como um marco no tratamento de pessoas com obesidade e sobrepeso. Ele foi o primeiro a mostrar não só segurança para o coração de um medicamento dessa classe, como uma redução de episódios de morte por causas cardiovasculares, infarto e derrame cerebral. Todos os 17.604 participantes incluídos tinham tido algum evento cardiovascular prévio e receberam orientações de mudanças do estilo de vida, como alimentação saudável e exercícios regulares. 

Essa pesquisa começou em 2018, mas seguiu acompanhando os voluntários – e, como sabemos, em 2020 veio a pandemia de COVID-19. Então a grande dúvida era: o que aconteceu com os participantes do estudo SELECT durante essa crise de saúde pública? A semaglutida traria alguma proteção ou prejuízo diante dessa doença?

 Cerca de 24% dos voluntários (o que equivale a mais ou menos 4 mil) relataram um diagnóstico de COVID-19 durante o seguimento. Os dados apontam que a semaglutida, claro, não interferiu na probabilidade de adquirir a infecção. Porém, aqueles que usavam o medicamento tiveram um menor risco de complicações graves e até de morte. 

Vale destacar que o grupo que recebeu a semaglutida emagreceu mais ao longo do estudo SELECT – essa substância é indicada para a perda de peso e o controle do diabetes. Além disso, exibiu uma queda nos marcadores inflamatórios e um maior controle de fatores de risco cardiovascular, como a pressão arterial. E acredita-se que tudo isso, em conjunto, ajudaria a explicar essa associação entre a semaglutida e uma maior proteção contra as consequências graves da COVID-19.

Apesar da plausibilidade científica e dos bons resultados, é importante reforçar que o estudo SELECT não foi desenhado para responder à pergunta sobre qual o papel da semaglutida em pessoas com COVID-19 (não, eu não usei a palavra “subanálise” no começo do texto à toa). Para responder essa pergunta, um estudo com foco específico nessa hipótese deveria ser realizado. 

A automedicação é uma cilada! Pacientes em uso de semaglutida que adquirirem Covid-19 devem entrar em contato com seu médico para avaliar, caso a caso, a conduta a ser tomada. Evite a automedicação.

Por Carlos Eduardo Barra Couri,

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Carlos Eduardo Barra Couri

Médico endocrinologista e curador do Portal Olhar da Saúde.

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